segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Frieza

Os teus olhos são frios como espadas,

E claros como os trágicos punhais;

Têm brilhos cortantes de metais

E fulgores de lâminas geladas


Vejo neles imagens retratadas

De abandonos cruéis e desleais,

Fantásticos desejos irreais,

E todo o oiro e o sol das madrugadas!


Não te invejo, amor, essa indiferença,

Que viver nesse mundo sem amar

É pior que ser cego de nascença!


Tu invejas a dor que vive em mim!

E quanta vez dirás a soluçar:

«Ah! Quem me dera, irmã, amar assim!...»



Florbela Espanca

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